Padrão Terapêutico de
Qualidade
Os óleos essenciais (OE’s) são
usados em vários ramos de atividade. A indústria da perfumaria é a principal
delas, mas não a única. As indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética
também utilizam grandes quantidades de OE’s.
Industrialmente, não se exigem
óleos essenciais 100% puros ou molecularmente intactos. Para perfumes e
alimentos é admitida a redestilação da planta (passagem da planta duas vezes pelo
destilador), retificação (adição ou subtração molecular) e deterpenização
(subtração de terpenos) na composição química dos OE’s.
No entanto, para a prática segura
da Aromaterapia, é imprescindível o uso de OE’s com Padrão Terapêutico de
Qualidade.
Mas o que é Padrão Terapêutico de
Qualidade?
São critérios que determinam se um OE
mantém todo o seu conteúdo molecular preservado. Esses OE’s são considerados
autênticos e são apropriados para a prática da Aromaterapia.
Em termos gerais, autenticidade é
considerar as moléculas aromáticas como o fruto de milhões de anos de evolução
do Reino Vegetal, em seus erros e acertos, em sua interação dinâmica com todo o
conjunto químico da planta, ou seja, autenticidade de um OE é ter uma
perspectiva holística sobre a natureza de um organismo vivo.
OE’s modificados são o resultado de
um projeto de engenharia elaborado pela indústria farmacológica ou química com
intuito de padronizar as concentrações moleculares ou diminuir custos.
As plantas, em seu estado natural,
não produzem de ano para ano OE’s sempre com as mesmas concentrações de seus
princípios ativos e aromáticos. As plantas são organismos cambiantes, mudam
periodicamente suas necessidades, afetadas por diferenças na intensidade das
chuvas, variações de temperatura, alterações no solo, ataque de pragas entre
outros fatores. Por isso um OE nunca é o mesmo de um ano para outro, pois todos
esses fatores interferem na concentração das moléculas aromáticas metabolizadas.
Na prática a variação molecular encontrada
no OE de um ano para outro levou a farmacologia convencional a criar um
processo de padronização. O uso de óleos essencias para o fim farmacológico só
poderia ser aprovado pela constatação de sua estabilidade molecular num comparativo entre as diferentes safras,
tal qual acontece com fármacos convecionais, com suas dosagens de princípios
ativos detrminadas à razão de milésimos de grama. Em oposição ao paradigma
holístico, a indústria farmacológica segue princípios reducionistas, que não
aceitam as variações naturais na concentração dos OE’s.
Se você deseja usar OE’s com Padrão
Terapêutico de Qualidade, a primeira coisa a ser observada é se este foi extraído
por destilação a vapor ou prensagem a frio, no caso dos cítricos.
Na prática da aromaterapia aceita-se
o uso de absolutos e resinóides, que são produtos extraídos por solventes
devido a maioria de suas moléculas aromáticas serem solúveis em água, ou com
estruturas moleculares muito instáveis que se desestabilizam na presença do
calor. Este é o caso de algumas flores como rosas, jasmim, vanilla, ou frutos
como cacau. Alguns absolutos são de uso aromaterápico desde que o solvente
utilizado não seja o benzeno.
Atualmente, temos solventes que
substituem satisfatoriamente o benzeno, e que podem ser utilizados no processo
de extração, sendo que depois esse solvente será evaporado na fase final da
adição de álcool etílico.
É preciso observar também se nenhum dos seus constituintes foi removido intencionalmente (retificação/deterpenização)
durante a extração ou se nenhuma substância foi adicionada.
Isso acontece quando se obtém, por
exemplo, um óleo essencial de lavanda com conteúdo superior a 40% de linalol. O
mercado admite como padrão a presença de 38% a 42% de linalol. Portanto, se for
obtido um óleo com 50% ou mais desse componente, o linalol é retirado e
isolado, deixando o óleo essencial com os percentuais exigidos. O linalol
isolado é vendido para a indústria de perfumaria ou cosméticos.
Pode também acontecer o contrário.
Quando se extrai um óleo essencial de lavanda com menos do que 38% de linalol,
poderá se acrescentar o linalol isolado até se chegar ao percentual exigido. Às
vezes o linalol adicionado é natural, mas poderá também ser sintético ou
proveniente de outra planta, como a citronela, rica em linalol e muito mais
fácil de ser cultivada e o linalol terá menor custo.
Este processo recebe o nome de retificação.
Utilizamos a lavanda como exemplo mas este processo poderá acontecer com outros
óleos. No caso da lavanda retificada, no mercado ela é conhecida como Lavanda 38/40
ou 40/42, uma indicação do percentual de linalol entre 38% e 42%.
O óleo retificado, apesar de
possuir as quantidades exigidas dos constituintes químicos que lhe são
característicos, perde suas propriedades em outros níveis. Quando pensamos a
realidade dentro de uma perspectiva quântica, entendemos que a relação de um
óleo essencial com nosso organismo não se dá apenas pela interação bioquímica
entre nosso organismo e o óleo, ou por dosagens exatas de constituintes
químicos. Nós estamos nos relacinando também com a totalidade do campo
vibratório daquela substância. Ou seja, uma coisa é a interação entre o nosso
organismo e um óleo essencial plantado, cultivado, colhido e obtido orgânica e
integralmente, completo em sí mesmo e intocado no nível molecular. Outra coisa
é um óleo essencial que possui as características químicas necessárias, mas não
tem impresso em seu DNA, em sua totalidade enquanto uma substância viva, a
experiência obtida pela sua relação com o sol, com a terra e seus elementos
minerais, com a água e demais elementos, com todo um contexto natural que faz
daquela substância possuir um padrão vibratório ausente quando lidamos com
substâncias químicas isoladas.
Um estudo de Ernst Mayer concluiu
que o OE de lavanda, quando usado integralmente, atua de maneira muito mais
eficaz sobre queimaduras do que quando utiliza-se o linalol isolado.
Segundo Kurt Schnaubelt, quando
nossas células encontram-se com moléculas sintéticas, ou com OE’s adulterados,
poderá ocorrer a produção de histamina dentro de nosso corpo para expulsar as
substâncias estranhas. Não existe um reconhecimento do organismo, nossas células
não estão adaptadas a elas, e por essa razão um processo alérgico poderá ser
gerado.
Conhecer a origem da produção do OE
é uma das formas mais seguras para determinar sua pureza. Uma empresa
aromaterápica que deseja trabalhar com OE’s dentro do Padrão Terapêutico deve
fugir do comércio das grandes indústrias de óleos essenciais, focadas no
mercado de perfumaria, de fármacos e alimentos, e tentar obter seus óleos
diretamente dos produtores.
Uma vez conhecida a procedência do
óleo essencial, o teste cromatográfico é importante para definir se os
percentuais dos componentes químicos exigidos para que o óleo seja classificado
dentro do Padrão Terapêutico estão de acordo. Como foi explicado no caso da
lavanda, é possível que seja encontrado quantidades menores ou maiores de um
constituinte químico.
Esperamos que esse artigo possa mostrar que existe muito mais por trás das palavras "100% natural" ou "100% puro". Desejamos oferecer mais recursos para que você, terapeuta ou simples amante dos aromas, possa escolher com total consciência os óleos essenciais com os quais ameniza os desconfortos físicos, estimula sua mente e perfuma sua vida.
Luciane Vishwa Schoppan
É bióloga, Aromaterapeuta e sócia-diretora da Terra Flor Aromaterapia
Esperamos que esse artigo possa mostrar que existe muito mais por trás das palavras "100% natural" ou "100% puro". Desejamos oferecer mais recursos para que você, terapeuta ou simples amante dos aromas, possa escolher com total consciência os óleos essenciais com os quais ameniza os desconfortos físicos, estimula sua mente e perfuma sua vida.
Luciane Vishwa Schoppan
É bióloga, Aromaterapeuta e sócia-diretora da Terra Flor Aromaterapia
Fantástico, Vishwa! Desde que comecei a estudar os OE e a fazer o curso de formação em aromaterapia confio 100% em tua empresa. Já experimentei óleos de outras empresas consideradas confiáveis, mas não obtive os resultados como com os teus.
ResponderExcluir